quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Ciência Política

Pessoal, resolvi compartilhar aqui no Blog um trabalho solicitado pelo professor de Ciência Política do curso de Ciências Sociais que faço na UFRN. Acredito que essas teses desenvolvidas pelos autores Maquiavel e Thomas Hobbes servem de base para formulação teórica atual e, também, formação política para os militantes sociais.


 

Se tiverem paciência de ler, avalio como importante.


 

Abraços,


 

Prof. Pedro Siqueira.


 


 

  1. Comente as semelhanças e diferenças entre o Príncipe de Maquiavel e o Leviatã de Hobbes, levando em consideração o contexto histórico e a idéia da política para os dois autores.


 


 

Maquiavel ofereceu preciosos conselhos para a conquista como para a salvaguarda. Durante sua infância e adolescência vive experiências políticas turbulentas com as disputas entre principados e invasões estrangeiras.


 

Em 1948, aos 29 anos, ocupa cargo de destaque. Com a volta dos Médicis, Maquiavel perde o cargo e é acusado de ser republicano. Entre 1512 à 1520, Maquiavel escreve suas principais obras e é convidado pelos Médicis a integrar novamente o regime monárquico. Em 1527, os Médicis perdem o poder para os republicanos e, agora, é acusado de apoiar os déspotas tiranos.


 

Na verdade, Maquiavel preocupava-se com a idéia de Estado, a chamada "verdade efetiva" das coisas, da realidade. Buscava consolidar a ordem, instaurar um Estado estável, sem necessariamente ser favorável a este ou aquele regime.


 

É desconstruída a idéia de natureza da Política na teoria de Maquiavel. O estudo da história poderia prever acontecimentos em um determinado Estado. A utilização do poder político poderia ser usada para controlar os extintos naturais. Maquiavel preocupava-se com a manutenção da ordem.


 

Uma vez conquistada o equilíbrio, o poder político cumpriu sua "função regeneradora e educadora". Na época em que Maquiavel viveu, a Itália estava dividida, corrompida e sujeita a invasões externas, e seria imprescindível o surgimento de um homem virtuoso capaz de fundar o Estado, era preciso "O Príncipe".


 

Maquiavel ainda estabelece algumas classificações para aquele "Chefe de Estado" manter-se no poder e atingir a glória. A "Virtú" seria a idéia da manutenção do poder e a "Fortuna" seria o alcance das honrarias, glórias, prestígio e respeito.


 

Portanto, Maquiavel desconstrói a idéia de natureza presente na época ao afirmar que a "fortuna" pode ser conquistada, através da "virtú", ou seja, é ação dos homens e a intervenção no meio social que implica conseqüências e resultados na realidade.


 

Nascido em 1588, na Inglaterra, Thomas Hobbes foi influenciado pela reforma anglicana que ocorrera cinco décadas antes, fato que mais tarde seria relatado por Hobbes em sua autobiografia e terá grandes influências sobre sua obra.


 

Quando Hobbes tinha 30 anos, uma revolta na Boêmia daria início à Guerra dos Trinta Anos, fato que irá reforçar para Hobbes a sua própria visão pessimista acerca da natureza humana destrutiva. Apenas 12 anos após o início da guerra no continente europeu, disputas políticas entre o Parlamento e o Rei inglês dão início a uma guerra civil na Inglaterra que perdurará por 10 anos.


 

É neste contexto político e social que Thomas Hobbes escreve o Leviatã e desenvolve suas teses ao falar da idéia de um Estado de natureza; direitos naturais; igualdade natural; e a idéia de um contrato social. Para Hobbes três seriam as causas da discórdia entre os homens: Competição, desconfiança e glória.


 

"O homem é o lobo do homem" expressão utilizada por Hobbes para justificar os aspectos citados no parágrafo anterior. Hobbes vai falar de um "Pacto de Submissão".


 

Neste "pacto de submissão" seria construída uma "paz racional" garantindo, assim, o progresso social. No contrato social haveria um pacto mútuo para alienação dos direitos naturais. Ele classifica da seguinte forma:


 

  1. Pacto de Associação: Cessação de hostilidade, baseada na união.
  2. Pacto de submissão: Alienação de seus direitos ao Estado.


 

Hobbes toma como exemplo, o Estado de escravidão: "Viver ou morrer!", ou seja, até mesmo na escravidão o indivíduo pactuaria entre a escolha de viver ou morrer. O contrato em Hobbes seria o Poder soberano absoluto.


 

Uma semelhança marcante entre as teorias de Maquiavel e Hobbes seria o aspecto histórico social para a legitimação poder, desconstruindo a idéia do poder natural e divino e, também, a idéia de um equilíbrio social, através do Poder Político.


 

Diferentemente de Maquiavel, não se encontra em Hobbes o abuso do poder, e sim, a falta de poder. O pressuposto da teoria contratualista hobbesiana seria o pacto de "ordem psicológica".


 

Hobbes fala também, de uma "Práxis Social", a qual o trabalho estreita-se entre a colaboração para obter os seus meios de existência.


 

Constata-se, portanto, na teoria hobbesiana um contrato social fundamentado na submissão total dos indivíduos a um Estado, a um Leviatã todo poderoso, descartando a possibilidade de participação popular na condução do Estado.


 

Por fim, percebe-se que tanto Maquiavel como Hobbes viveram um contexto político e social bastante complicado, complexo e conflituoso, e que ambos os autores buscaram em suas obras, a consolidação de um Estado forte que teria como premissa fundamental a busca do equilíbrio, da ordem e da paz social.


 

Pedro Siqueira.


 

Bibliografia:


 

Weffort C.F. org. – Clássicos da Política – Vol.1 – Maquiavel

Weffort C.F. org. – Clássicos da Política – O medo e a esperança - Hobbes

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